Trabalhar numa empresa de contabilidade…
Ninguém merece, pensou Rita, sim ninguém merece… Aquela não era a sua “praia”, o seu mundo, o seu sonho… trabalhar numa empresa de contabilidade.
Levantou-se cedo para se lançar ao caminho, um caminho duro e penoso, num dia doentio, frio e feio. Trazia sempre consigo uma boa dose de convicção na algibeira e um saco cheio de vontade para enfrentar desafios e eventualmente os revés que se avizinhavam na agreste estrada da vida. Naquele dia, Rita sabia que iria precisar de tudo isso e de muita sorte!
Era difícil imaginar-se como contabilista, numa empresa de contabilidade. Não que tivesse alguma coisa contra, mas tudo lhe parecia surreal e demasiado distante da sua área de conforto.
A caminho do Barreiro para chegar à NUMÉRICA!
Movida pela força que só ela sabia que tinha, vestiu-se a rigor e lançou-se ao desafio, como sempre lhe ensinaram, de cabeça erguida e pronta a descobrir um mundo novo.
Antes de chegar ao destino, centro de contabilidade do Barreiro, as dúvidas quanto ao itinerário eram mais que muitas. Apiedou-se então de uma transeunte:
“Diga-me por favor, eu procuro uma empresa de contabilidade, aqui por perto…”.
“Gabinetes de contabilidade há muitos, minha menina! Procura exactamente o quê?”, ripostou a senhora.
“A empresa de contabilidade NUMÉRICA!”, respondeu-lhe.
A recepção calorosa e a forma como tudo estava organizado deixaram Rita confiante e com a alma sossegada. Pensou: “Se tratarem assim todos os clientes, tenho a certeza que é uma empresa de contabilidade de sucesso!”
Aguardou alguns minutos pela entrevista e assim pode aperceber-se do nível de organização e especialização daqueles colaboradores: TOC’s especializados no apoio à Gestão de Empresas nas mais diversas áreas com elevada capacidade de resposta às solicitações dos mais exigentes clientes! Estava pasmada e uma onda de terror começou a apoderar-se dela: “Ai, meu Deus, que estou eu aqui a fazer?! Nunca vou conseguir ganhar este emprego! Nunca! Não percebo nada disto! Eu é que precisava de um TOC para a minha contabilidade caseira…”
Uma entrevista surreal
Chegou finalmente a sua vez de ser recebida pelo responsável dos recursos humanos e Rita tremia por tudo quanto era canto! antes que ela pudesse dizer seja o que fosse (e ainda bem que não lhe passaram a palavra de imediato!), foi informada que se encontravam a recrutar contabilistas com características específicas para os vários gabinetes de contabilidade que tinham nos distritos de Setúbal e de Lisboa. Como se tratava de uma empresa de contabilidade com encargos de grande responsabilidade nas áreas da contabilidade, fiscalidade, gestão administrativa de recursos humanos e assessoria jurídica, era importante que todos os TOC contratados estivessem disponíveis para contabilidade móvel.
Quando chegou a vez de falar, Rita ficou com um nó na garganta! Na verdade, nada tinha para lhe dizer, não percebia “patavina” de contabilidade e, com certeza, a sua presença ali não passava de um equívoco.
“Saved by the bell”
Eis que Rita é salva por outro colaborador, que bate à porta do gabinete, informando o seu entrevistador de uma chamada urgente para atender. Antes deste pedir licença para se ausentar, solicitou que Rita visse com atenção as orientações gerais da empresa, uma vez que a empresa de contabilidade NUMÉRICA, se regia pelo rigor ético e responsabilidade em dar resposta às necessidades dos clientes.
“Ufff, fui literalmente “saved by the bell”, mas só penso numa forma de sair daqui!”, suspirou Rita.
Minutos depois, uma voz meio atrapalhada e sorridente confirma:
“Peço imensas desculpas! Afinal, estávamos à espera de outra pessoa e o Centro de Emprego enganou-se ao enviá-la para cá! Já percebemos que nem sequer é da área da contabilidade. Ainda assim, obrigada por ter vindo!”
“Nada se perdeu! Este ano já sei quem me vai fazer o IRS!”, respondeu Rita aliviada.
Fig. 1 – Perdida numa empresa de contabilidade
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